Agustín Cueva - marxismo 21

Apresentação

A partir deste dossiê, marxismo21 inaugura uma nova fase de seu trabalho editorial e passa a publicar não apenas a produção teórica de marxistas brasileiros, como vinha fazendo ao longo dos últimos anos, mas também os trabalhos de intelectuais e militantes marxistas de diferentes países da América Latina.

Iniciamos esse novo trabalho editorial com a publicação de um conjunto de artigos, livros, coletâneas e entrevistas do sociólogo marxista equatoriano Agustín Cueva Dávila (1937-1992) e de textos de pesquisadores e comentadores de sua fecunda e extensa obra.

O material aqui publicado contou com a inestimável colaboração de Jaime Ortega Reyna (pesquisador e docente mexicano) e Tomás Quevedo Ramírez (pesquisador e docente equatoriano) que digitalizaram e nos encaminharam uma série de textos de difícil acesso que compõem esta publicação. Fernando Correa Prado (pesquisador e docente brasileiro) e Sofia Lanchimba Velastegui (pesquisadora e docente equatoriana) também disponibilizaram textos digitalizados de seus arquivos pessoais. Somos muito gratos a esses colegas, especialmente a Jaime que é reconhecido por ser um estudioso e incansável divulgador da produção teórica marxista na América Latina.

Andrés Tzeiman (pesquisador e docente argentino), igualmente, colaborou de maneira decisiva com a produção do dossiê por meio da indicação de contatos de pesquisadores e de textos do próprio Cueva, elaboração do instigante texto introdutório sobre a vida e a obra de Cueva (abaixo) e organização temática do dossiê. Somos imensamente gratos a Andrés por este gesto de generosidade intelectual e compromisso militante.

O dossiê foi coordenado por Danilo Martuscelli e a produção da arte do card é de de Alexandre Pimenta – membros da Editoria de marxismo21.

Com a publicação deste dossiê, esperamos que a obra de Agustín Cueva seja conhecida, lida, relida e debatida pelo/s pesquisadores marxistas.

Editoria

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Agustín Cueva: do Equador para a América Latina

Andrés Tzeiman

Uma primeira questão que poderia surgir da preparação deste dossiê diz respeito à pertinência da publicação da obra de Agustín Cueva na página de marxismo21: Por que dar conhecimento aos trabalhos de um sociólogo equatoriano em um site da esquerda brasileira? Qual seria o interesse deste público em revisitá-los? Creio que a resposta a esta pergunta não deve ser inocente, nem trivial. Pelo contrário, penso que constitui um convite à reflexão sobre um aspecto fundamental da história do Brasil e, em particular, da esquerda brasileira: a sua relação com a América Latina.

Sem dúvidas, poderíamos esboçar todo um conjunto de caracterizações e hipóteses sobre o itinerário deste vínculo errante. Para começar, a barreira mais evidente é a idiomática, geradora de uma cisão com a maioria hispanófona na região sul-americana. Na verdade, isso resulta de outra diferença fundamental: a inscrição colonial do Brasil sob a égide da dominação portuguesa. Por conseguinte, isso explica a forma particular assumida pela formação nacional brasileira, tão distante das lutas independentistas ocorridas nos países vizinhos. E como se isso não bastasse, há que acrescentar outro fator crucial: a dimensão territorial do Brasil, cuja imponente magnitude estabelece uma diferença substancial (uma notória assimetria) em relação às demais nações da região.

Naturalmente, a singularidade brasileira em relação à América Latina não se limita aos aspectos que acabamos de nos referir. Em suma, aqui não poderemos, nem tampouco nos interessa, fazer uma descrição exaustiva dessas diferenças e de suas causas. O que queremos sublinhar, no entanto, é que essa distância teve consequências sobre o pensamento social e político brasileiro, de maneira tal que este ainda tem uma conta a saldar com a América Latina. Poderíamos até arriscar em agregar algo mais: a construção de uma identidade popular-revolucionária no Brasil ainda deve prestar contas à sua inscrição na história e na vida política da região latino-americana (por acaso seria possível pensar em um futuro promissor para o Brasil alheio ao destino comum da América Latina?)

Desse ponto de vista, consideramos que os questionamentos da intelectualidade brasileira sobre o pensamento social e político da região podem resultar em uma via frutífera para diminuir a distância existente entre o Brasil e a América Latina. Nesse sentido, acreditamos que a figura de Agustín Cueva representa uma valiosa porta de entrada para uma série de dilemas especificamente latino-americanos com os quais aqueles que se aproximam de sua obra, podem começar a se familiarizar. Ademais, isso lhes permitirá abordar esses dilemas levando em conta a notória complexidade e heterogeneidade regional. De fato, como veremos adiante, o itinerário biográfico-intelectual de Cueva acompanhou os principais acontecimentos políticos latino-americanos das três décadas em que o seu pensamento se desenvolveu: os anos 1960, 1970 e 1980. E fê-lo através de uma reflexão teórica rigorosa e sistemática, baseada nos autores clássicos do panteão marxista: Marx, Engels e Lênin. Em suma: Cueva permite à intelectualidade crítica brasileira abordar os problemas mais prementes da história latino-americana a partir do ângulo privilegiado proporcionado por uma versão incisiva da teoria marxista…. (ver continuação e texto completo aqui)

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Dossiê

Entrevista biobibliográfica:

Agustín Cueva. Entrevista a Rodrigo Villacís Molina – Entre la ira y la esperanza según Agustín Cueva In: Revista Diners

1. Questões de arte e cultura

Livros:

Entre la ira y la esperanza (Ensayos sobre la cultura nacional) (1967)

Lecturas y rupturas. Diez ensayos sociológicos sobre la literatura de Ecuador (1986)

Literatura y conciencia histórica en América Latina (1993) (obra póstuma)

Artigos:

Ciencia en la literatura e ideología de clase en América Latina In: La bufanda del sol

Cultura, clase y nación In: Cuadernos Políticos