armênio guedes

homenagem

Armenio Guedes

marxismo21 lamenta a morte de ARMÊNIO GUEDES (1918-2015), figura relevante na história do Partido Comunista Brasileiro.  No texto abaixo, Marly Vianna, historiadora marxista e ex-companheira de militância de Armênio Guedes, dá um depoimento pessoal sobre os “tempos heroicos” em que atuaram interior do PCB; relata, brevemente, as afinidades teóricas dele no interior do marxismo e o significado de sua atuação. Uma breve Nota sobre o tema da Revolução, artigo em livro e vídeos (que examinam aspectos da vida pessoal de Armênio Guedes, militância política, perspectivas de esquerda, a questão da democracia etc.) são editados nesta merecida homenagem do blog.

Editoria

ARMÊNIO GUEDES

Marly Vianna

Conheci Armênio em 1961, quando entrei para o PCB, na então Faculdade Nacional de Filosofia. Naquela época Armênio estava casado com Zuleika Alambert e apesar de Zuleika ser da direção do partido os dois tratavam conosco, os “da base”, sem qualquer empáfia de quadros muito ligados à direção, o que nos aproximou bastante.

Foram 54 anos de convivência com Armênio, às vezes bastante estreita, como na época da clandestinidade ou do exílio. E não foi uma simples convivência. A vida na clandestinidade, o compartilhar os riscos, o vivenciar tragédias, como a do assassinato de Celito, irmão de Armênio, quando fora buscar no exterior Fued Saad, as discussões sobre perspectivas políticas no país, são situações que criam laços de amizades muito profundos. Queríamos transformar o mundo, mas nosso universo eram os camaradas e amigos do partido.

Uma vez, nos terríveis anos 70, Zuleika tinha sido afastada do país e Armênio abordado pela CIA, ele ficou uma semana em minha casa no Rio – um calor sufocante, pois nem pensar em ar condicionado ou ventilador. Como a polícia nos buscava, era melhor não sair. Passamos uma semana comendo bananas e tomando mingau de aveia.

Eu gostava muito dele, apesar de divergirmos sempre, politicamente. Mas a verdade é que Armênio, ao se opor, do seu jeito muitas vezes irritado, aos erros do partido, acabou sendo marcado por atitudes que nunca teve. Ele nunca foi anti-soviético: tinha profundo respeito e carinho pelo povo daquele pais e por sua heroica revolução. Armênio era absolutamente contra a burrice, as posições tacanhas, a barbárie da repressão nos tempos de Stalin, a burocracia fossilizada.

Por exemplo, quando da denúncia dos crimes de Stalin, abriu-se uma discussão no partido, que mal podia acreditar que tudo aquilo fosse verdade. Mas a discussão interna durou pouco, pois a direção proibiu-a através de uma circular que Armênio logo passou a chamar de “carta rolha”. Irreverente sempre, e a direção não gostava disso.

Quando terminou o curso na Escola de Quadros do partido, em Moscou, que era um primor de “disciplina” a mais idiota, saiu cantando: “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós!” Isso lhe valeu uma nota, na Revista Comunista, dizendo que ele havia sido expulso do partido… E diga-se, apesar dos protestos, nunca foi corrigida.

Armênio também nunca foi anti-prestista, muito ao contrário, admirava e tinha amizade pelo Velho. Morou em sua casa, chegou a fazer sua segurança. Contava sempre com carinho, sobre aqueles tempos, destacando a convivência agradável com Prestes. ler mais

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Notas biográficas

Textos:

Livro com artigo do Armênio Guedes – A resistência política aos anos de chumbo

Revolução hoje?

Vídeos:

Documentário – Armênio Guedes

https://www.youtube.com/watch?v=ORdfhOmeHQA

Depoimento 1

https://www.youtube.com/watch?v=FEogXxn3NUQ

Depoimento 2

https://www.youtube.com/watch?v=qK_-fQUiSf4

Programa Roda Viva

http://www.rodaviva.fapesp.br/materia_busca/573/marxismo/entrevistados/armenio_guedes_2008.htm

Entrevista no Jô Soares

http://globotv.globo.com/rede-globo/programa-do-jo/v/o-jornalista-armenio-guedes-lanca-o-livro-sereno-guerreiro-da-liberdade/2631992/

Título de cidadão paulistano

http://camaramunicipalsp.qaplaweb.com.br/iah/fulltext/justificativa/JPDL0085-2011.pdf

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