Georg Grosz (1893-1959), Pillars of Society.
Direitas: política e ideologia.
A atual ofensiva de uma direita ideológica e orgânica no Brasil reitera uma tendência que vem se verificando no mundo desde o final da 1ª Guerra Mundial, a saber, a tentativa de apropriação de aspectos do pensamento e da ação das forças progressistas imprimindo-lhes um selo reacionário. Neste caso, trata-se da construção de uma hegemonia neoconservadora na sociedade civil brasileira através do uso de instrumentos de formação da opinião pública.
O primeiro exemplo desta mimetização foi o fascismo das décadas de 1920 e 1930, que celebrava os valores militaristas mesclando-os com uma “política social” corporativa e combinava a exaltação da hierarquia com a mobilização de massas em torno dos chauvinismos nacional e/ou racial.
Na década de 1950 surgiu o neoconservadorismo estadunidense, que misturou individualismo com defesa de princípios e valores tradicionais e economia de mercado com mobilização das consciências contra os supostos riscos de enfraquecimento ou desintegração do establishment econômico, político e social em vigor naquele país.
Nos anos 1970 e 1980, o neofascismo, em diferentes partes do mundo anglo-saxão e europeu em geral, realizou uma peculiar apropriação das formulações diferencialistas e identitárias típicas da chamada pós-modernidade, juntando a afirmação dos valores comunitários com a defesa do direito à diferença e da liberdade de expressão e manifestação de suas ideias em nome de objetivos racistas, xenófobos e anti-imigratórios.
No Brasil atual, a direita ideológica e orgânica se propõe a fazer algo que as forças de esquerda e centro-esquerda integrantes do bloco político governamental desistiram de fazer: disputar a hegemonia política e cultural na sociedade, cujo efeito direto é a deflagração de uma ofensiva direitista no parlamento, na mídia, nos púlpitos e altares das igrejas e, mais recentemente, nas ruas, em defesa de posições conservadoras e retrógradas.
O acirramento das contradições e dos conflitos é uma decorrência do próprio amadurecimento do capitalismo brasileiro em sua etapa monopolista e de incorporação ao imperialismo mundial, processo este que expressa, no plano das ideias e dos discursos, a centralidade dos conflitos de classe em nossa sociedade, assumindo contornos estruturais.
Em seu esforço de afirmação na sociedade, a direita ideológica levanta bandeiras que lhe permitam delimitar posições e disputar a opinião pública. Com o desgaste das fórmulas e proposições neoliberais, adota ela temas visando reacender, no imaginário das massas, os componentes mais moralistas e conservadores anteriormente adormecidos ou desmobilizados pela influência das forças e dos processos progressistas na sociedade, na política e na cultura.
A recusa das forças de esquerda do atual governo em disputar a hegemonia cultural e política na sociedade e seus sucessivos recuos em face das reações conservadoras facilitam o avanço da direita ideológica e orgânica e pavimentam o caminho para sua ascensão ao poder. Tal processo evidencia o logro da opção do neopetismo no sentido de neutralizar a oposição política empregando os instrumentos de cooptação e clientelismo disponibilizados pelo “presidencialismo de coalizão”. Foge à compreensão desta esquerda que a eficácia de tais instrumentos é possível apenas no trato com a direita fisiológica, uma vez que a aspiração da direita orgânica e ideológica é nada menos que o monopólio do exercício da representação e do poder.
O presente dossiê busca oferecer aos nossos leitores textos de análise do pensamento e práticas das correntes de direita atuantes na contemporaneidade brasileira e mundial, apresentando suas vertentes fundamentais: o autoritarismo militar, o neoconservadorismo, o neoliberalismo, o fundamentalismo e integrismo religiosos, os fascismos e a chamada nova direita.
Nosso objetivo terá sido atingido se esta coletânea contribuir para uma tomada de consciência sobre a necessidade de retomar, em larga escala, a ofensiva contra hegemônica por parte de intelectuais, militantes políticos e ativistas sociais comprometidos com a luta pela transformação socialista da sociedade.
Editoria / abril de 2015. Atualizado em janeiro/2022
I. Discussões teóricas
ANDRADE, Guilherme Ignácio Franco de. O desafio teórico metodológico do uso do conceito de fascismo e de extrema direita.
APPLE, Michael W. Podem as pedagogias críticas sustar as políticas de direita?
AUGUSTO, André Guimarães. O que está em jogo no “Mais Mises, menos Marx”
BEAUVOIR, Simone. O pensamento de direita, hoje
BERTONHA, João Fábio. Fascismo de esquerda? Sobre a necessidade de revisão conceitual de um termo perigoso.
CASTRO, Ricardo Figueiredo de. Extrema-direita, pseudohistória e conspiracionismo: o caso do Negacionismo do Holocausto
DAVIES, Peter e LYNCH, Derek. The routledge companion to fascism and the far right
FERNANDES, Florestan. Notas sobre o fascismo na América Latina
GEERTZ, René. Separatismo e anti-razão. Indicadores Econômicos
GRÜN, Robert. Entre a plutocracia e a legitimação da dominação financeira.
HARVEY, David. Breve história do neoliberalismo
JIMENEZ, Juan Retana. Notas sobre o neoconservadorismo na cultura política e no trabalho profissional.
MANDEL, Ernest. A teoria do fascismo segundo Leon Trotsky
MORAES, Reginaldo. Neoliberalismo. De onde vem, para onde vai?
Marxists on fascism: Gramsci, Trotsky etc.
PINASSI, Maria Orlanda. Metástase do irracionalismo
REICH, Wilhelm. Psicologia de massas do fascismo
SEGRILLO, Angelo. A Confusão Esquerda/Direita no Mundo Pós-Muro de Berlim: Uma análise e uma hipótese
SEGRILLO, Angelo. A confusão esquerda-direita no mundo pós-muro de Berlim.
THALHAIMER, August. Sobre o fascismo.
________________, Fascismo: pequena burguesia e classe operária
TROTSKY, Leon. La lucha contra el fascismo.
VALLE, Maria Ribeiro do. Pensamento político conservador norte-americano na virada dos anos 1970
II. Estudos e debates sobre a direita no Brasil
Menos Marx, Mais Mises, Camila Rocha de Oliveira ( Prêmio de Melhor Tese acadêmica 2017-2019 – ABCP)
Lucas Patschiki, Marcos Alexandre Smaniotto e Jefferson Rodrigues (orgs.). Tempos conservadores: estudos críticos sobre as direitas
ALMEIDA, Ludmila Chaves. PPB: Origem e trajetória de um partido de direita no Brasil.
BENEVIDES, Maria Victoria de Mesquita, A UDN e o udenismo. Ambiguidades do Liberalismo Brasileiro (1945-1965)
CASIMIRO, Flávio Henrique C. A construção da hegemonia neoliberal no Brasil da Nova República: o Instituto Liberal e o discurso de “flexibilização” e ataque às propostas de Reforma Agrária.
___________________________, A nova direita no Brasil. Aparelhos de ação político-ideológica (1980-2014)
DIAS, Adriana Abreu. Os argonautas do teutonismo virtual. Neonazismo na internet
GONÇALVES, Rodrigo Jurucê Mattos. História fetichista: o aparelho de hegemonia filosófico Instituto Brasileiro de Filosofia/Convivium (1964-1985).
__________________________. A consciência conservadora no Brasil, de Paulo Mercadante, uma obra clássica do conservadorismo brasileiro
GROS. Denise Barbosa. Institutos neoliberais e Neoliberalismo no Brasil
KORNIS, Monica. As “revelações” do melodrama, a Rede Globo e a construção de uma memória do regime militar.
LOPES, Vanessa Viegas. A Renovação Carismática Católica (RCC): entre o tradicionalismo e o novo. Anais dos Simpósios da ABHR.
MAGNANINI, Samantha Cintra. Cultura: teoria, neoconservadorismo e mídia brasileira nos novos palcos de disputa simbólica da conjuntura pós 11 de setembro.
MEIRELES, Gabrielle L. O surgimento da Rede Globo: a partir da legislação das telecomunicações.
MELO, Demian, Raizes ideológicas da direita brasileira
MENDES, Ricardo. Marchando com a família, com Deus e pela liberdade – O “13 de Março” das direitas.
MORAES, Maria Lygia. Direitos humanos e terrorismo de estado: a experiência brasileira.
MOREIRA, Fernanda Teixeira. O Que Lembrar e Esquecer? Intelectuais de direita e as disputas pela memória da ditadura civil-militar.
PIERUCCI, Antonio Flavio. As bases da nova Direita.
__________________, A Direita mora do outro lado da cidade
PLATT, Adreana Dulcina. As políticas da “nova direita”: políticas sociais inclusivas e políticas econômicas excludentes
_____________________. Programas educacionais na década de noventa: a implementação das políticas da “nova direita” no Brasil..
______________________. As políticas da “nova direita”: políticas sociais inclusivas e políticas econômicas excludentes. Seminário Nacional Estado e Políticas Sociais no Brasil.
POWER, Margareth. Conexões transnacionais entre as mulheres de direita Brasil, Chile e Estados Unidos
RAGO, Antônio. J. Chasin: a crítica ontológica do anticapitalismo romântico típico da “Via Colonial” – os integralismos
ROCHA, Camila. Menos Marx, Mais Mises, Teses doutorado USP, 2018
ROSA, Marcelo. Oligarquias agrárias, estado e neoliberalismo no Brasil.
_____________. Oligarquias agrárias, estado e neoliberalismo no Brasil.
SILVA, Carla Luciana. A retórica do “não há alternativas” como face da luta de classes: a revista veja dos anos 1990.
SILVA, Kiane Follman da – A reorganização da direita no Brasil e o papel do MBL. Da fundação ao impeachment de Dilma Rousseff (2013-2016)
TARUCO, Gabriela e Madeira, Rafael Machado. Partidos, programas e o debate sobre esquerda e direita no Brasil.
III. Movimentos de direita no Brasil
a) Ação Integralista Brasileira (AIB): 1932-1945
BARBOSA, Jefferson Rodrigues. Sob a sombra do Eixo: camisas-verdes e o jornal integralista Acção
CAZETTA, Felipe Azevedo. Fascismos e autoritarismos: a cruz, a suástica e o caboclo – fundações do pensamento político de Plínio Salgado, 1932-1945.
CHASIN, José. O integralismo de Plínio Salgado
CRUZ, Natália dos Reis. O Integralismo e a questão racial: a intolerância como princípio
FERREIRA, Laís Mônica. Integralismo na Bahia: gênero, educação e assistência social em O Imparcial (1933-1937).
SILVA, Giselda Brito (org.). Estudos do Integralismo no Brasil.
TRINDADE, Hélgio. Integralismo: teoria e prática política nos anos 30.
b) O Integralismo: de 1945 aos dias de hoje
Blog de estudos sobre o integralismo, com vários artigos científicos, teses e dissertações
Dossiê sobre o Integralismo: Revista de História da Biblioteca Nacional
ANDRADE, Guilherme Franco de. A trajetória da extrema direita no Brasil: integralismo, neonazismo e revisionismo histórico (1930 – 2012).
BARBOSA, Jefferson R. Integralismo e ideologia autocrática chauvinista regressiva: crítica aos herdeiros do Sigma.
____________________. Organizações chauvinistas no Brasil contemporâneo: Frente Integralista Brasileira (estruturas organizacionais, localização dos núcleos e principais dirigentes)
_____________________. Organizações chauvinistas no Brasil contemporâneo: Movimento Integralista e Linearista Brasileiro
_____________________. Integralismo e ideologia autocrática chauvinista regressiva: crítica aos herdeiros do sigma. (Tese de Doutorado).
_____________________. Intelectuais do sigma e o integralismo contemporâneo: os herdeiros de Plínio Salgado.
______________________. Ideologia e intolerância: a extrema-direita latino-americana e a atuação no Brasil dos herdeiros do Eixo.
CALIL, Gilberto. O integralismo no processo político brasileiro – o PRP entre 1945 e 1965: Cães de Guarda da Ordem Burguesa
CARNEIRO, Márcia Regina da S. Do sigma ao sigma – entre a anta, a águia, o leão e o galo – a construção de memórias integralistas.
DOTTA, Renato Alencar. Um esboço necessário sobre a trajetória do Integralismo brasileiro – da AIB ao ciberintegralismo (de 1932 a atualidade).
NETO, Odilon C. Neointegralismo e direitas brasileiras: entre aproximações e distanciamentos.
c) Tradição, Família, Propriedade (TFP)
SILVA, Filipe Francisco da. Cruzados do Século XX: O Movimento Tradição, Família e Propriedade (TFP): origens, doutrinas e práticas (1960-1970)
ZANOTTO, Gizele. Plínio Corrêa e a TFP: um reacionário a serviço da contra-revolução.
_____________. A luta anti-agro-reformista de Plínio Corrêa de Oliveira. Dissertação CFCH-UFSC, 2003.
d) Instituto Millenium
MARINGONI, Gilberto. O rosnar golpista do Instituto Millenium.
PASTORE, Bruna. Complexo IPES/IBAD, 44 anos depois: Instituto Millenium?
PATSCHIK, Lucas. A classe dominante em organização: uma análise sobre a hierarquia do Instituto Millenium (2005-2013).
e) Revista Veja
AUGUSTI, A. R. Jornalismo e comportamento: os valores presentes no discurso da revista Veja.
BENETTI, Marcia. A ironia como estratégia discursiva da Revista Veja.
KRUPINISKI, Ricardo. Época e Veja e as exportações de capitais (2003 a 2006)
MELLO, Maria e VILLAS BÔAS, Rafael. Veja. A Importação da doutrina antiterror
RAUTENBERG, Edina. A Revista Veja: de 23 mil exemplares à marca de 300 mil: acompanhando os dez primeiros anos de construção editorial da revista.
SILVA, Carla Luciana. Veja: o indispensável partido neoliberal (1989-2002) http://www.historia.uff.br/stricto/td/508.pdf
TOSTES, Suzane Conceição P. Reflexão sobre a relação da Revista Veja com a CUT e o PT durante os anos de 1985-1989.
IV. Extrema-direita hoje no Brasil
a) Sobre a trajetória política e ideológica de Olavo de Carvalho:
Trabalhos acadêmicos
Os litores da nossa burguesia: o Mídia sem Máscara em atuação partidária (2002-2011), Lucas Patschiki
A nova direita no Brasil (2011-2016): uma análise da atuação política no facebook, Isabel Grassioli
“Menos Marx, Mais Mises”. Uma gênese da nova direita no Brasil (2006-2018), Camila Rocha
E-Book
Nova direita, bolsonarismo e fascismo, Mayara Balestro dos Santos e João Elter de Miranda (orgs.)
Artigos
Olavo de Carvalho e a ascensão da extrema-direita, Gilberto Calil
O astrólogo que inspira Jair Bolsonaro, Gilberto Calil
O guru, Lincoln Secco
Fascismo e internet, uma possibilidade de análise social através das redes extrapartidárias: o caso do “Mídia Sem Máscara” (2011), Lucas Patschiki
Olavo de Carvalho, o ideólogo de Bolsonaro, contra o professor Haddad, Christian Dunker
Uma revolução conservadora dos intelectuais (Brasil: 2002-2016), Lidiane Soares Rodrigues
Entrevista:
Olavo de Carvalho é um efeito da nova direita e não a sua causa, Alvaro Bianchi
b) Outros trabalhos:
ALMEIDA, Alexandre. Skinheads: os mitos ordenadores do Poder Branco paulista.
_______________. A locomotiva Skinhead: a relação entre música e memória na construção da identidade de uma organização White Power paulista.
ANDRADE, Guilherme Franco de. A ideologia racial do grupo neonazista Valhalla 88 e a influência da teoria racial de Adolf Hitler.
_________________________. Neonazismo, racismo e supremacia racial: a ideologia racial do Valhalla 88.
ANDRADE, Guilherme I. F. A trajetória da extrema direita no Brasil: integralismo, neo-nazismo e revisionismo histórico.
BRITO, Adriana et al. A extrema-direita na atualidade.
COIMBRA, Cecilia Maria Bouças. Doutrinas de segurança nacional: banalizando a violência.
CONCEIÇÃO, Gilmar Henrique. Algumas questões ideológico-educativas da extrema-direita.
FRANÇA, Carlos Eduardo. Skinheads no Brasil: As múltiplas percepções, representações e Ressignificações das formações identitárias dos “Carecas do Brasil” e do Poder Branco paulista.
GALEÃO-SILVA, Luis Guilherme. Adesão ao fascismo e preconceito contra negros: um estudo com universitários na cidade de São Paulo
IASI, Mauro. De onde vem o conservadorismo?
MAYNARD, Dilton. Ciberespaço e Extremismos Políticos no Século XXI.
MENEZES, Wellington Fontes. Breves peculiaridades do fascismo à brasileira
PARANÁ, Edemilson. As raízes da escalada do conservadorismo no Brasil atual
PATSCHIKI, Lucas. Os litores da nossa burguesia: o Mídia sem Máscara em atuação partidária (2002-2011).
PATSCHIKI, Lucas. Fascismo e internet: uma possibilidade de análise social através das redes extrapartidárias: o caso do “Mídia sem Máscara”
ROCHA, Camila. Menos Marx, Mais Mises, Teses doutorado USP, 2018
SANTANA, Monica da Costa. Neonazismo no Ciberespaço: uma análise comparativa entre os sites Valhalla88 e Ciudad Libre Opinión(2000-2007).
SILVA, K. K. J. e Maynard, D. C. S. Intolerância Digital: história, extrema-direita e cibercultura (1996-2009). Scientia Plena, vol. 6, n. 12, 2010.
SILVA, Adriana Brito da et alli. A extrema-direita na atualidade. http://pt.scribd.com/doc/255185357/A-Extrema-direita-Na-Atualidade
STEFFEN, Cesar. Ódio.org.br. Rastreamento e caracterização de movimentos de ódio na Internet em português.
V. Anticomunismo, ontem e hoje
MENDES, Ricardo Antonio Souza. As direitas e o anticomunismo, 1961-1965.
PATSCHIK, Lucas (entrevista). Anticomunismo é a base ideológica comum para o espectro fascista no Brasil
PEREIRA, Marco Antônio M. Lima e PIMENTA, Everton Fernando. Dimensões do anticomunismo no Brasil. https://docs.google.com/spreadsheets/d/1avnpQdFUEU8U2g2gXWwZB-YezX2L7asLekZ5U3RYjA0/edit?resourcekey#gid=1825255565
RODEGHERO, Carla S. Religião e patriotismo: o anticomunismo católico nos Estados Unidos e no Brasil nos anos da Guerra Fria
SILVA, Carla Luciana. Anticomunismo brasileiro: conceitos e historiografia.
VI. Dossiês temáticos e coletâneas
BERTONHA, João Fábio – Coletânea de artigos disponíveis online
BOHOSLAVSKY, Ernesto; ECHEVERRIA, Olga (Orgs.) “Las derechas em el Cono Sur, siglo XX”
RODRIGUES, Jefferson. Entre milícias e militantes
Revista de História da Biblioteca Nacional, dossiê sobre o Integralismo:
Revista Crítica Marxista. Dossiê Neoliberalismo e neofascismo.
Dossiê Integralismo da Revista Tempo Presente.
Passapalavra. Dossiê extrema-direita.
Anais do Gepal, GT Pensamento de direita e chauvinismo na AL
VII. Financiamento e a Direita abraça a Rede
http://apublica.org/2015/06/a-nova-roupa-da-direita/
http://apublica.org/2015/06/a-direita-abraca-a-rede/
VIII – Blogs e sites de direita no Brasil
Rádio Jovem Pan: a voz da direita
(Por exigência da revista piaui, o blog foi solicitado a retirar o link que permitia o acesso à matéria dessa publicação. Embora crítica de ideias políticas conservadoras, piaui, revista progressista revela não abrir mão do direito de propriedade…
Instituto Millenium
O Instituto Millenium se autodefine como um “think tank” liberal no Brasil, posição expressa em seu manifesto editorial. Sediado no Rio de Janeiro, tem nomes influentes entre seus colaboradores ativos, acadêmicos e não acadêmicos. Sob a rubrica “Especialistas” encontra-se um conjunto de intelectuais ligados ao instituto que atualizam o debate em torno dos princípios reivindicados pelo síte (“Estado de Direito, liberdades individuais, responsabilidade individual, meritocracia, propriedade privada, democracia representativa, transparência, eficiência e igualdade perante a lei”, no link “Editorial”), entre os quais são mencionados nomes como Edmar Bacha, Eduardo Viola, Hector Leis, Henrique Meirelles, Ives Gandra, José Álvaro Moisés, Leandro Piquet Carneiro, Leôncio Martins Rodrigues Netto, Marco Antonio Villa, Mario Vargas Llosa e Roberto Da Matta. Sabe-se que alguns destas figuras, no período da ditadura militar, tinham posicionamentos democráticos e progressistas.
Na seção “colaboradores” constam empresas nacionais e internacionais, entre elas a editora Abril e o grupo Estadão. Entre os nomes de colaboradores individuais encontram-se, entre outros, Armínio Fraga e João Roberto Marinho.
Escola sem partido
O grupo “Escola sem partido” define-se como uma “uma iniciativa conjunta de estudantes e pais preocupados com o grau de contaminação político-ideológica das escolas brasileiras, em todos os níveis: do ensino básico ao superior”. Em geral, o grupo considera que viceja no país, de forma hegemônica, em todos os níveis de ensino, a “doutrinação” política de esquerda. Defende a retomada de uma educação “séria”, “objetiva” e politicamente “neutra”. Como “neutros”, curiosamente, o grupo apresenta princípios universalmente reconhecidos como conservadores e à direita no espectro político. Reúne exemplos-denúncia de professores supostamente doutrinadores e propõe formas legais de apresentação de queixas a respeito nas instâncias jurídicas. Trata-se de um site que conta com nomes secundários da ideologia conservadora no Brasil, como Rodrigo Constantino e Reinaldo Azevedo.
Instituto de Estudos Empresariais.
Este instituto se autodefine como entidade sem fins lucrativos e, declaração comum nesses casos, sem “compromissos político-partidários”. Propõe “incentivar e preparar novas lideranças com base nos conceitos de economia de mercado e livre iniciativa”. Também como de praxe, entoa loas às vagas noções de “liberdades individuais” e “Estado democrático de direito”. Possui uma revista eletrônica abrigada no próprio sítio, que se apresenta como “ferramenta disponibilizada para a formação de líderes identificados com as ideias liberais.”. Tal revista pode ser baixada no formato pdf. Divulga artiguetes de auto-confirmação dos próprios princípios com aspecto de editoriais, em geral tratando de algum tema específico relativo à liberdade de mercado.
Instituto Liberal
Historicamente próximo de outros, como Instituto Liberdade e Instituto de Estudos Empresariais, possui um caráter mais acadêmico, nos moldes do Instituto Millenium. O sítio do instituto apresenta como objetivos, em suas próprias palavras, “Promover a pesquisa, a produção e a divulgação de idéias, teorias e conceitos sobre as vantagens de uma sociedade baseada: no Estado de direito, no plano jurídico; na democracia representativa, no plano político; na economia de mercado, no plano econômico; na descentralização do poder, no plano administrativo”. Parece haver, por parte do instituto, uma preocupação especial relativa à sofisticação teórica das próprias perspectivas e conceitos, já que em seu sítio se podem encontrar obras de quase todos os clássicos fundadores do pensamento liberal. É possível ler também, entretanto, textos de qualidade duvidosa, marcados pelo mais boçal proselitismo elitista, como se nota de antemão já nos títulos: “Por que as leis trabalhistas prejudicam o trabalhador” ou “A ilusão da reforma agrária: um conceito vazio e irresponsavelmente utilizado”, dentre outros.
Instituto Liberdade
Em sua página de apresentação, o Instituto Liberdade declara compromisso com a pesquisa, difusão e consolidação dos valores de uma sociedade “organizada com base nos princípios dos direitos individuais, de governo limitado e representativo, de respeito à propriedade privada, aos contratos e à livre iniciativa. Declara-se intelectualmente vinculado à “Escola Austríaca de Economia”. Historicamente originado do Instituto Liberal do Rio Grande do Sul, considera-se um “think tank por excelência, pois firma-se no mercado local, nacional e internacional como produtor de ideias e construtor de influências.” Caracteriza-se, na verdade, por um americanismo aberto e um tanto subserviente, recheado de textos sobre as virtudes do capitalismo estadunidense. De resto, é pródigo em articulistas menores revezando-se em saudações simplistas e reverências pouco criativas ao regime da “liberdade”.
Movimento Endireita Brasil
O Movimento Endireita Brasil é uma das poucas organizações liberais e/ou conservadoras de caráter público a reivindicar abertamente a localização à direita do espectro político. Propõe uma atuação pública baseada no “pensamento da Nova Direita liberal, e no compromisso de luta pela diminuição do Estado e pelo fim de todos os mecanismos que limitam ou ferem a liberdade do cidadão”. Apesar de reivindicar independência partidária, propõe-se a participar ativamente dos processos eleitorais em eventual apoio a candidatos que se identifiquem com a plataforma do movimento. Além do fomento e divulgação de suas ideias pelos meios convencionais de textos públicos, seminários e panfletos, também enfatiza o que considera ser a necessária mobilização popular nas ruas e pela internet. Fundado em 2006 por estudantes da burguesia paulistana, apresenta visíveis identidades com o PSDB.
Instituto Von Mises
Extensão institucional da chamada “Escola Austríaca”, o Von Mises se propõe à realização e divulgação de estudos que “promovam os princípios de livre mercado e de uma sociedade livre”. Entre os objetivos comuns a seus congêneres, há outros que denotam certo caráter acadêmico, ou academicista, à organização. Por exemplo, o objetivo de “restaurar o crucial papel da teoria, tanto nas ciências econômicas quanto nas ciências sociais, em contraposição ao empirismo”. Crente em uma “ordem natural do mercado”, o instituto considera que qualquer interferência governamental contrária àquela ordem é passível de provocar “proteção aos poderosos e aos grupos de interesse”, além de “reprimir a livre expressão e as oportunidades dos indivíduos”. Fiel a suas origens teóricas, o instituto promove a defesa de um fenômeno curioso na história do pensamento político: o anarcocapitalismo, ou capitalismo libertário, espécie de extinção definitiva do Estado por meio do privatismo radicalizado. O instituto adota o padrão-ouro para colaborações: “A associação ao Instituto Ludwig von Mises Brasil tem o valor equivalente a 1g de ouro (valor aproximado, conforme cotado na Bolsa de Valores) e tem validade até o final do ano corrente.”
Mídia Sem Máscara
Editado a partir dos Estados Unidos pelo já mais ou menos notório Olavo de Carvalho, o sítio se considera uma via de denúncia da suposta manipulação de caráter comunista da mídia brasileira em geral. Apontando, entre outros, o “tucanato” como facção interna do movimento comunista no Brasil, embora “comunista de direita”, o sítio assim se apresenta:“Desde agosto de 2002, o MÍDIA SEM MÁSCARA é um website destinado a publicar as idéias e notícias que são sistematicamente escondidas, desprezadas ou distorcidas em virtude do viés esquerdista da grande mídia brasileira. Embora sem recursos para promover uma fiscalização ampla, MÍDIA SEM MÁSCARA colhe amostras, que por si só, bastam para dar uma ideia da magnitude e gravidade da manipulação esquerdista do noticiário na mídia nacional.”, adiantando ainda, em outro trecho, que “na grande mídia brasileira não existe jornalismo nenhum. Existe apenas manipulação a serviço da esquerda.” Em seu time de colunistas possui, entre outros, oficiais da reserva dos exércitos brasileiro e colombiano.
Reaçonaria
Sítio com uma editoração muito boa, embora o conteúdo que a preenche não seja dos mais sofisticados. Ativa oposição de direita ao PT e ao governo Dilma Roussef, entusiasta dos dogmas conservadores da Igreja Católica e do Partido Republicano estadunidense. No grupo de colunistas, um tipo de mistura entre pretensão pueril, arrogância sem lastro e descontração quadrada faz com que alguns se apresentem com nomes como “Overlord”, “Penso Estranho” e “Space Ghost”. Em suas próprias palavras, “A Reaçonaria é formada por um grupo de conhecidos que comungam de algumas ideias. Compartilharemos aqui opiniões, livros originais e traduzidos, vídeos históricos com discursos e debates que propagam ideais de Liberdade, respeito à Lei e promoção das melhores políticas e costumes que construíram as mais justas sociedades de nosso tempo.”
VIII. Grupos de trabalho acadêmicos
GT Partidos e Movimentos de Direita-Anpuh
GT Direitas, História e Memória
Grupo de Estudos do Integralismo
GT – Pensamento de direita e chauvinismo na AL
4 Comentários
Carxs,
Em primeiro lugar, parabéns pelo trabalho e obrigado por disponibilizar uma seleção tão importante!
Acredito que o arquivo do texto do Florestan (Notas sobre o fascismo na América Latina) está com problema, pois só aparece a primeira página do artigo… vcs poderiam verificar?
Obrigado novamente!
Nada a agradecer! Um colega de editoria postou em sua página e cedeu o texto à consulta.
saudações,
Editoria
Excelente postagem! O caminho ideal para um ativismo e aplicação da verdadeira política esquerda, não pode existir sem o estudo e conhecimento teórico de nossos ideais, além do debate com nossos opositores, da qual muitas vezes não conhecemos. Excelente texto, excelentes referências!
Grato pelas palavras e inventivo, Gabriel. Favor divulgar.
Editoria