Marxismo sem utopia, Jacob Gorender, Editora Ática, São Paulo, 1999. 288 ps., Por Duarte Pereira
“Na minha idade, não quero mais ser enganado nem enganar ninguém.” Com esse desabafo amargo, o historiador e ensaísta Jacob Gorender justificou, em entrevista concedida à Folha de S. Paulo, seu último livro, Marxismo sem utopia, lançado no final do ano passado.[1]
Hoje com 77 anos, Gorender iniciou sua militância como jovem universitário em Salvador, na Bahia, durante o Estado Novo. Ingressou nas fileiras comunistas e combateu o nazi-fascismo na Itália, como pracinha. Na década de 50, estudou em Moscou durante dois anos, na escola mantida para quadros nacionais e estrangeiros pelo Partido Comunista da União Soviética. Conhecedor do idioma russo, traduziu para o português obras que influenciaram gerações de militantes brasileiros, como o Manual de Economia Política (Vitória, 1961), da Academia de Ciências de Moscou, e a obra coletiva de filósofos e cientistas sociais soviéticos Fundamentos do Marxismo-Leninismo (Vitória, 1962). Tornou-se um dos dirigentes destacados do PCB no final dos anos 50 e foi um dos fundadores do PCBR em 1968. Preso e torturado dois anos depois, comportou-se com dignidade revolucionária. ler mais