Tempo, trabalho e dominação social: uma reinterpretação da teoria crítica de Marx, Moishe Postone, Boitempo. Por Henrique Pereira Braga
Em recente artigo publicado na revista britânica Strike, David Graeber (2013) chama atenção para o fenômeno chamado bullshit job. Numa tradução polida, o fenômeno do “emprego inútil” consiste em uma
miríade de ocupações dispensáveis à produção e à distribuição de mercadorias. De caráter burocrático e localizado no setor de serviços, estes “empregos” estariam em franca expansão desde que o setor industrial passou a reduzir sua ocupação em razão do crescimento da produtividade. Ao invés de o aumento da produtividade permitir às pessoas jornadas menores de trabalho e dedicação a outros momentos da vida, Graeber (2013) observa que novas ocupações foram criadas e trabalha-se mais, embora tais trabalhos não produzam, tampouco viabilizem a produção das mercadorias.
A causa para a proliferação dos “empregos inúteis”, para o autor, não está na esfera econômica – no sentido da eficiência produtiva. Mas sim na esfera moral e política, uma vez que o trabalho é um “valor moral por si mesmo” e trabalhadores produtivos com tempo livre podem ser perigosos – conforme se confronta os acontecimentos dos anos de 1960. ler mais.