Ignácio Rangel

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Rangel 2Dando sequência à divulgação da produção intelectual de relevantes pensadores marxistas brasileiros, marximo21 examina nesta página a obra de IGNÁCIO RANGEL (1914-1994). Como observa o autor do texto que abre esta página, o marxismo de Rangel se vincula  aos “grandes nomes do pensamento marxista do século XX que souberam se deixar influenciar pelo pensamento de Lenin“, tal como teria ocorrido com as obras de Gramsci e Lukács. Ignorado, atualmente, pelas escolas de orientação neoliberal ou da economia neoclássica e posto no ostracismo por pesquisadores marxistas, é de se reconhecer que o socialista Ignácio Rangel foi um dos mais agudos, criativos e originais analistas do desenvolvimento capitalista no Brasil

Divulgam-se aqui textos centrais da obra de Ignácio Rangel, artigos seus sobre temas diversos, textos de comentadores, dissertações acadêmicas e outros materiais (blogs, vídeos etc.) que permitem conhecer a obra deste pensador pouco debatido nos meios marxistas contemporâneos.

Somos gratos a Marcos Aurélio da Silva, docente da UFSC, pela iniciativa de propor este dossiê e pelo envio da maior parte do material aqui divulgado. Ao seu orientando, Leonardo Baccarin, são estendidos nossos agradecimentos por esta valiosa colaboração a marxismo21.

Editores

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Notas sobre as ideias de Ignácio Rangel

Marcos Aurélio da Silva

O socialismo está presente, por certo, mas como superação de um capitalismo que
tem ainda muito chão a palmilhar. E, nem esse capitalismo, nem esse socialismo,
têm ou terão muito que ver com visões idealizadas que deles fazem seus corifeus. 
Como a reforma agrária, que estamos a pique de fazer, tem pouca coisa em comum
com aquela que queríamos fazer nos anos 30“. Ignácio Rangel, 1985

Ignácio Rangel foi um marxista de armas em punho.

Eis um dado nem sempre presente, como observou o rangeliano Armen Manigonian, nos diversos representantes da filosofia da práxis brasileira. E, por conta das suas atividades revolucionárias, nomeadamente os levantes conduzidos pela Aliança Nacional Libertadora em 1935, que o levaram a organizar duzentos camponeses no interior do Maranhão para a luta pela reforma agrária, chegou a cumprir prisão no Rio de Janeiro (onde também estavam Graciliano Ramos, Carlos Marighella e outros mais que se tornariam figuras de proa das lutas políticas de esquerda e da cultura comunista brasileira).

Não obstante, a derrota política foi também uma abertura para os estudos aprofundados a que iria se dedicar o marxista Rangel ― à altura da chamada “Intentona Comunista” – guiado fundamentalmente pelas lições que aprendera no Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels. Com efeito, se uma coisa pode ser dita acerca do marxismo que a partir deste momento desenvolve Ignácio Rangel, esta é certamente a de que ele o tem rigorosamente como um método de apreensão das tendências de fundo do processo histórico. Um caminho interpretativo que, afastando-se de toda forma de espontaneismo, não é estranho aos grandes nomes do pensamento marxista do século XX que souberam se deixar influenciar pelo pensamento de Lenin. (Pensemos em György  Lukács e, ainda mais notadamente, Antonio Gramsci, por exemplo)

É fácil perceber esta influência observando a principal área de reflexão de Rangel, a saber, a formação social brasileira. Trata-se, segundo, ele, de uma formação que cumpriu seu contraditório desenvolvimento marcado por processos mais bem definidos pelo conceito leniniano de via prussiana, entre nós encarnada, insistia Rangel, sob a forma de uma formação que evolui como uma dualidade ― termo frequentemente mal interpretado pelos críticos do autor, incapazes de ver que, com ele, Rangel queria se referir a processos que encerram articulações dialéticas de modos de produção.

Assim é que, na independência, a hegemonia da classe dos barões senhores de escravos se fazia articular com a dos capitalistas comerciais de exportação e importação; na abolição-república, a hegemonia destes últimos foi acompanhada da posição secundaria dos mesmos barões no aparelho de Estado, agora forçados a uma forma determinada de relações de relações feudais; e, na Revolução de 30, os industriais tiveram que repartir o poder com uma dissidência deste baronato feudal, que nessa quadra histórica lograva ascender à posição hegemônica no aparelho de Estado.

Ao fim e ao cabo, tratava-se de redefinições na estrutura política do Estado que repercutiam contradições entre as forças produtivas e as relações de produção, critério interpretativo que Rangel jamais deixava de utilizar articulando as esferas nacionais e internacionais ― o que, aliás, constitui também um bom exemplo da forte filiação leninista do autor, que nunca deixou de perder de vista ― como acabou ocorrendo com o revisionismo eurocomunista ― as movimentações do imperialismo. ler mais

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I. Textos de Ignácio Rangel (livros e artigos)

A inflação brasileira

A questão da terra

A dualidade básica da economia brasileira

A história da dualidade brasileira

As crises gerais

O ciclo médio e o ciclo longo no Brasil

Criminalidade e crise econômica

Dualidade e ciclo longo

Economia milagre e anti-milagre

Recursos ociosos e alternativas para a crise

Recessão, inflação e dívida

O quarto ciclo de Kondratiev

Debate com Bresser-Pereira:”vamos sair da crise?”

Livros e artigos de Ignácio Rangel e textos sobre sua obra

II. Artigos sobre a obra de Ignácio Rangel

O pensamento independente da Ignácio Rangel, Ricardo Bielschowsky

Intérpretes do Brasil (artigos em revistas e jornais)

Introdução ao pensamento de I. Rangel, Armen Marmigonian

Ignácio Rangel, Fernando Cardoso Pedrão

A volta por cima de Ignácio Rangel, L.C. Bresser-Pereira

A dualidade brasileira de Ignácio Rangel, César Guimarães

Um mestre da economia brasileira, Bresser-Pereira e J. Márcio Rego

Ignácio Rangel, teórico do dualismo brasileiro, Arissane Fernandes

45 anos de A inflação brasileira, Elias Jabbour

III. Trabalhos acadêmicos

Ignácio Rangel, um pioneiro no debate nos 1960, Paulo Davidoff

O debate sobre a Reforma agrária em autores PCB, Fabiana Rodriguez

Um estudo sobre Lenin e propostas de reforma agrária no Brasil, Paulo de Tarso Soares

A dualidade básica da economia brasileira, Leandro Figueiredo

IV. Multimídia

Debate sobre A inflação brasileira I, SBPC/Fundação Maurício Grabois

Debate sobre A inflação brasileira II, SBPC/FMG

Blog Ignácio Mourão Rangel

 

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